Thursday, 10 March 2016

Projeto Formação NAPRA

Introdução

Nos últimos cem anos, a humanidade avançou científica e tecnologicamente de forma antes inimaginável. Este fato, além de ter propiciado um grande aumento na qualidade de vida de boa parte da população global, possibilitou um enorme salto na capacidade de exploração dos recursos naturais. Através destas novas tecnologias de altíssima eficiência produtiva, a cobertura vegetal do planeta nos últimos cem anos foi, especialmente nas últimas décadas, quase completamente alterada, provocando mudanças no ciclo natural que rege a vida na Terra e ordena diversas atividades humanas. Muitos estudos acadêmicos têm apontado a importância das florestas e ambientes naturais na manutenção das condições de vida do planeta. Também a sociedade civil em sua grande parte já reconhece como necessidade imediata a preservação das florestas e outros ambientes naturais remanescentes.

Entre os ecossistemas que ainda não sofreram substancial degradação e fragmentação da cobertura vegetal, a Amazônia se destaca pela extraordinária continuidade de suas florestas, pela extensão de sua rede hidrográfica, pelas sutis variações de seus ecossistemas e pela incomparável biodiversidade (AB’SÁBER, 1994). Atualmente, tanto os cientistas como a opinião pública global compartilham a consciência da importância desta grande floresta para o equilíbrio de diversos ciclos biogeoquímicos planetários.

Embora a Floresta Amazônica ainda se encontre em sua maior porção preservada e íntegra, quando se toma em conta seu histórico de degradação surge grande motivo de preocupação: até 1960 a Floresta se manteve praticamente intacta, mas, a partir desta década, foram bruscamente eliminados em menos de 20 anos de 10 a 12% da cobertura vegetal original (AB’SÁBER, 1994). Este panorama indica que, se não forem tomadas as devidas atitudes, a paisagem e a estrutura da maior floresta do planeta podem ser completamente alteradas em um curto intervalo de poucas décadas, com ônus provável a quase todos os habitantes do planeta.

Embora, se comparadas com as das décadas passadas as taxas de desmatamento na Amazônia tenham diminuído com as medidas de fiscalização e controle que o governo brasileiro tem imposto às atividades com grande potencial destrutivo, a maior ameaça à floresta persiste, pois está relacionada ao fato de a sociedade brasileira ainda encontrar sérias dificuldades em conjugar desenvolvimento socioeconômico com conservação da natureza. No Brasil ainda hoje persiste o antigo paradigma desenvolvimentista herdado do governo militar que procura implantar o desenvolvimento territorial por meio de grandes projetos, tais como o antigo Projeto Grande Carajás e o atual Complexo Madeira. Esta estratégia age favorecendo interesses políticos e econômicos em detrimento dos fortes impactos ambientais e muitas vezes gera resultados dissociados do que possa ser julgado como desenvolvimento social.

Na outra face desta questão, com o ensejo de preservar a floresta da destruição, a ideologia preservacionista preconiza a criação de grandes áreas naturais protegidas de onde, no intuito de conservar o caráter pristino do ecossistema, qualquer presença humana deve ser excluída.  Embora este paradigma possua uma justificativa ecológica parte de um pressuposto incorreto, pois desconsidera que a paisagem de natureza pujante que hoje se observa – e que se almeja conservar – na Amazônia, ao contrário de ser intocada como se imagina, é fruto da interação das comunidades indígenas com a floresta nos últimos 10.000 anos. Até mesmo as comunidades que passaram a habitar a floresta somente no decorrer do século passado, as ditas comunidades tradicionais – seringueiros, castanheiros, ribeirinhos –, a exemplo dos indígenas souberam conviver em simbiose com a floresta sem destruí-la.
O modelo preservacionista, sendo o extremo oposto do programa desenvolvimentista, ao invés de ser alternativo, compõe junto a este um plano de desenvolvimento para o território amazônico, onde as unidades de conservação servem como moeda de troca pela destruição causada pelo “progresso”, que desta forma nunca é repensado. Para as populações indígenas e tradicionais, cujos modos de vida são de fato alternativos ao progresso, tanto a criação de unidades de conservação de proteção integral quanto os programas desenvolvimentistas são causas de profundos impactos sociais, desterritorializando-as e criando um desplanejado processo de imigração que afeta negativamente as localidades do entorno das unidades.

O NAPRA
Neste contexto, o Núcleo de Apoio à População Ribeirinha da Amazônia (NAPRA) surgiu com a missão de apoiar as populações cujo modo de vida e saberes tradicionais consideramos a base para a criação de um modelo sustentável de desenvolvimento para região amazônica. A Instituição iniciou suas atividades em 1993, atuando na região do Rio Madeira, entre os municípios de Porto Velho, no estado de Rondônia, e Humaitá, no estado do Amazonas, a partir de uma ação assistencialista de um grupo de estudantes de medicina, ligada à Universidade São Francisco em São Paulo. Com o passar dos anos foram surgindo novos núcleos Regionais que envolveram um número maior de voluntários de diferentes áreas do conhecimento, o que possibilitou o desenvolvimento de projetos também nas áreas de Educação e Geração de Renda.

Essa atuação com novas perspectivas conquistou a credibilidade junto às comunidades ribeirinhas e seus parceiros, e assim a Instituição ampliou sua rede de parcerias e estreitou laços com diversas organizações governamentais e não-governamentais, empresas privadas e outras universidades com quem compartilha princípios.
A partir do objetivo de fortalecer as populações tradicionais da Amazônia valorizando sua cultura e contribuindo para o desenvolvimento sustentável das comunidades, em determinado momento percebeu-se a necessidade de preparar mais solidamente os voluntários. Em XXXX foi criado um processo de formação sobre o contexto Amazônico que, com o tempo, se aprofundou e ganhou importância própria. Hoje a preparação dos integrantes do NAPRA engloba um trabalho de formação multidisciplinar extensiva, cuja temática vai de desde a contextualização dos aspectos socioambientais da Amazônia brasileira, a educação diferenciada e a saúde dos povos da floresta, até os sistemas de produção que mantém a floresta em pé. Tudo visando preparar o voluntário para a elaboração de projetos para a intervenção social comunitária, considerando o viés interdisciplinar e transcultural e com base na educação popular e na valorização das práticas tradicionais e sustentáveis, para que as ações do NAPRA sejam pautadas em um princípio básico: os moradores das comunidades apoiadas devem ser os protagonistas dos projetos, exercendo suas condições de agentes e se engajando na construção do seu próprio futuro.
           
Desta maneira, o trabalho do NAPRA tem duas faces que se complementam: de um lado os projetos construídos pelas equipes, em parceria com as comunidades, são aplicados diretamente em campo por meio de uma imersão na Amazônia, de outro a formação não só prepara o voluntário para sua atuação, como cria fora da região norte uma massa crítica que compreende profundamente as peculiaridades do contexto socioambiental amazônico, os dilemas do desenvolvimento convencional e o papel dos povos e populações tradicionais e as áreas protegidas na construção de alternativas sustentáveis de desenvolvimento para região. A experiência com o NAPRA já inspirou várias pessoas a levar sua vida profissional para a Amazônia.

Ao longo da existência do NAPRA, já passaram pelo processo de formação cerca de xx profissionais e yy estudantes, de diferentes áreas do conhecimento, tais como: educação, pedagogia, comunicação, ciências sociais, antropologia, serviço social, psicologia, medicina, odontologia, enfermagem, biologia, fisioterapia, engenharia de produção, engenharia ambiental, gestão ambiental, engenharia florestal entre outras.
           
Atualmente, o NAPRA conta com 5 Regionais – São Paulo, Campinas, São Carlos, Catanduva e Porto Velho – sendo as 4 primeiras mais relacionadas à formação e a última ao acompanhamento contínuo dos projetos desenvolvidos nas comunidades. Os recursos para manutenção da ONG são oriundos, principalmente, de doações de pessoas físicas e jurídicas, e de parcerias com universidades, como a USP e a FAMECA. Eventualmente foram acessados editais específicos, como por exemplo, o do Centro de Apoio Socioambiental (CASA), em 2010.

(Para uma melhor visualização dos trabalhos que essas equipes realizaram, elencamos no quadro no segue os mais expressivos resultados obtidos no período de 2006 a 2015 de atuação da ONG junto às comunidades ribeirinhas da Amazônia).

OBJETIVOS 

OBJETIVO GERAL

            Promover a formação de estudantes e profissionais sobre o contexto amazônico e em ações operacionais e estratégicas para lidar com os desafios socioambientais da Amazônia Brasileira.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1.    Promover a formação de estudantes e profissionais do estado de São Paulo sobre os desafios socioambientais da Amazônia brasileira e nos subsídios teóricos e práticos para a elaboração de projetos de intervenção socioambiental no contexto amazônico, tendo como ponto de partida as comunidades do Rio Madeira;
2.    Promover a participação de ribeirinhos das comunidades em que o NAPRA atua no processo de formação em São Paulo;
4.    Promover o debate sobre os desafios socioambientais da Amazônia brasileira em instituições de Ensino no Estado de São Paulo através da realização de um seminário.


METAS

  • Objetivo Específico 1:
      • Formar 60 estudantes e profissionais;
    • Indicadores de Execução:
      • 60 pessoas que participaram em pelo menos 80% das atividades da formação;
      • 60 voluntários atuando nas comunidades em Rondônia
    • Meios de Verificação:
      • Lista de Presença
      • Relatório das atividades
      • Relatório Fotográfico

  • Objetivo Específico 2:
      • Proporcionar a participação de 4 jovens ribeirinhos no processo de formação em São Paulo;
    • Indicadores de Execução:
      • 4 jovens ribeirinhos participando em pelo menos 80% das atividades de formação; 
    • Meios de Verificação:
      • Lista de presença
      • Cartão de embarque
      • Relatório das atividades
      • Relatório fotográfico

  • Objetivo Específico 3:
      • Elaborar e executar 2 projetos para 4 comunidades ribeirinhas;
    • Indicadores de Execução:
      • 2 projetos elaborados para cada comunidade;
      • Projetos executados;
    • Meios de Verificação:
      • Projetos publicados no site do NAPRA;
      • Relatório das atividades;
      • Relatório Fotográfico;
      • Questionário de avaliação dos projetos pelos comunitários;

  • Objetivo Específico 4:
      • Realizar um seminário sobre as questões socioambientais amazônicas em parceria com uma universidade do estado de São Paulo;
    • Indicadores de Execução:
      •  Seminário realizado
    • Meios de Verificação:
      • Lista de presença
      • Relatório dos espaços;
      • Relatório Fotográfico;

  • Objetivo Específico 5:
      • Realizar um seminário sobre as questões socioambientais amazônicas em parceria com uma universidade do estado de Rondônia.
    • Indicadores de Execução:
      • Seminário realizado
    • Meios de Verificação:
      • Lista de presença
      • Relatório dos espaços;
      • Relatório Fotográfico;


Resultados Esperados
            Espera-se que os participantes da formação desenvolvam:
  • Consciência da necessidade de um desenvolvimento diferenciado para a Amazônia e o papel dos povos da floresta na construção de um novo modelo;
  • Capacidade de compreender a realidade dos povos da floresta e de construir projetos que beneficiem as comunidades tendo os próprios comunitários como protagonistas;
  • Sejam motivados a se envolver profissionalmente com a questão socioambiental amazônica.

Espera-se que as comunidades alvo dos projetos:
  • Sejam beneficiadas com ações pontuais a curto prazo;
  • Desenvolvam emancipação e responsabilidade social a longo prazo;
  • Desenvolvam um senso de importância relacionado a seu modo de vida simbiótico com a floresta.

Espera-se que os participantes do seminário:
  • Sejam introduzidos na temática do impacto do desenvolvimento convencional na Amazônia e o papel dos povos da floresta na criação de um novo modelo para região;
  • Desenvolvam interesse pelas questões amazônica.


Justificativa
            Apesar de ter importância global reconhecida quase unanimemente, a Amazônia é uma desconhecida para a grande parte dos brasileiros. Todos sabem que é um território ameaçado, que o desmatamento está avançando, que existem povos indígenas, mas muito pouco além disso. Desta maneira, decisões acerca deste patrimônio coletivo são tomadas na esfera política sem ninguém dar-se conta de seus impactos. Por exemplo, fora do território impactado pela obra são pouquíssimas pessoas que sabem algo das questões envolvendo a UHE de Belo Monte, mesmo sendo a maior obra já financiada por um governo brasileiro e gerando um impacto gigantesco sobre a floresta. Assim, é muito importante para o futuro da floresta que mais e mais pessoas por todo o Brasil tenham uma opinião bem embasada sobre as alternativas de desenvolvimento propostas para a região e seus impactos e possam exercer pressão política sobre as autoridades que tendem a desconsiderar os aspectos socioambientais de suas decisões.

A região Norte há até pouco tempo esteve a margem do desenvolvimento do país. Ainda que nos últimos anos o governo federal tenha realizado esforços para levar suas políticas públicas para esta região, o processo é muito recente, tudo se encontrando nas fases iniciais de desenvolvimento. No caso da educação superior, existem universidades locais pelo território, entretanto é muito difícil encontrar profissionais para ocupações menos convencionais como as relacionadas com o desenvolvimento socioambiental. O processo de formação pode ter o efeito de sensibilizar os participantes para se envolver profissionalmente com a questão socioambiental na Amazônia.

Com o avanço do progresso sobre as terras amazônicas, as comunidades tradicionais têm vivido um rápido processo de modernização. Diante da exposição ao modo de vida moderno propagado pelos meios de comunicação a que agora tem acesso, jovens ribeirinhos tem desenvolvido uma baixa autoestima a cerca de sua identidade diferenciada. Como o discurso da mídia não apresenta muitas alternativas estas comunidades muitas vezes tem a imagem de si como algo atrasado. Apresentar para aos jovens ribeirinhos a ideia de que, num contexto em que os processos convencionais de desenvolvimento ameaçam a integridade da floresta e que diante das mudanças climáticas que estamos vivendo isto seria inadmissível para o futuro do planeta, e que seu modo de vida tradicional em simbiose com a floresta traz elementos essenciais para criação de um outro tipo de desenvolvimento pode resgatar o orgulho desses jovens de pertencer ao grupo dos povos da floresta e gerar lideranças engajadas com a construção do futuro de sua comunidade e com a manutenção da floresta.
Os jovens ribeirinhos participantes da formação seriam em suas comunidades multiplicadores deste ideal. Além disto sua presença abriria nas comunidades um canal  de comunicação altamente efetivo que teria o poder de garantir o acompanhamento mais contínuo de projetos realizados.

Um seminário multidisciplinar apresentando a discussão de questões socioambientais amazônicas em São Paulo complementaria a ação do NAPRA: de um lado concluiria o processo divulgando a causa amazônica e o trabalho da instituição para um público maior, por outro atrairia mais pessoas para participar da formação no próximo ciclo.

Apesar de contar com uma universidade federal, devido ao modelo desenvolvimentista bem arraigado do estado, nos meios acadêmicos de Rondônia os estudantes tem pouco acesso a discussão de assuntos ligados aos povos da floresta. Um seminário poderia abrir um espaço dentro da universidade para discutir este tipo de assunto e gerar a semente de um possível núcleo de formação em Porto Velho.

Público Alvo

·         Profissionais e estudantes universitários com interesse em conhecer e ter uma experiência de trabalho voluntário na Amazônia Brasileira;
·         Jovens ribeirinhos interessados em discutir sua realidade e conhecer de dentro o NAPRA;
·         Comunidades ribeirinhas da Região do Baixo Madeira de Porto Velho.


Operacionalização

  • A1 - Gestão do Projeto:
As atividades planejadas neste projeto serão organizadas pelo gestor contratado em regime de CLT com carga horária a cumprir de 20 horas semanais, que ficará responsável pela prestação de contas, recebimento de materiais, acompanhamento das prestações de serviços, e diálogo e intermédio com a instituição financiadora.

·         A2 - Divulgação do processo de formação e atividades de comunicação
            Durante todo o ano um profissional vai semanalmente produzir e publicar notícias – como, por exemplo, entrevistas de ex-naprianos ou dos especialistas convidados para formação, relatos de projetos e de experiências, etc...
            A campanha de divulgação será coordenada por esta pessoa, sendo realizada via site, mídias sociais e vias convencionais – cartazes e panfletos. Também serão realizadas apresentações do trabalho do NAPRA nas universidades e instituições relevantes de São Paulo, Campinas, São Carlos, Catanduva e região.

·         A3 - Processo Seletivo
            O processo seletivo será realizado através de um questionário, de uma carta de apresentação, de uma entrevista e de uma dinâmica de grupo.
            2 profissionais em regime de consultoria serão responsáveis pela realização do processo. Contarão com a ajuda de 3 estagiários;

·         A4 - Processo de Formação
            O processo de formação terá duração XX meses e será realizado em X encontros mensais de final de semana, totalizando XXh, mais uma vivência de 28 dias em uma comunidade ribeirinha na Região do Baixo Rio Madeira em Rondônia. 
            A parte teórica será apresentada previamente a reunião mensal em textos e vídeos relacionados aos assuntos a serem discutidos no módulo, enviados aos participantes pela coordenação de formação.  A metodologia dos encontros são exposições e discussões abertas, facilitadas por alguém da coordenação de formação e com a participação de um convidado especialista com experiência na região amazônica. Complementarmente serão utilizados exercícios interativos e dinâmicas para consolidar o aprendizado.
            A parte prática se inicia com grupos multidisciplinares de trabalho para elaboração dos projetos de atuação nas comunidades e se conclui com a execução e avaliação dos projetos executados. A coordenação de atuação supervisionará e orientará este processo.

            Conteúdo:
·   Terceiro Setor e Empreendedorismo
·   O NAPRA como Organização Social
·   A geografia e processo histórico de ocupação da Amazônia;
·   Desmatamento na Amazônia e Estratégia de Conservação
·   Contexto Sócio-Político e Econômico da Região de Atuação do NAPRA
·   Conceito de Comunidade, as Comunidades Ribeirinhas e os povos da Floresta;
·   Educação Popular
·   Mobilização Social, Participação Social e Cidadania
·   Políticas Públicas
·   Educação em Saúde
·   Tecnologias Sociais e cadeias produtivas extrativistas;
·   Controle Social e conselhos;
·   Inserção em Comunidades, Relacionamento Interpessoal
·   Metodologia para a Elaboração de Projetos Sociais
·   Avaliação de Resultados e Elaboração de Relatórios


·         A5 - Acompanhamento técnico
            Para garantir a construção dos projetos com as comunidades, acompanhar o andamento do que foi realizado e participar das reuniões de conselhos sociais que nossa instituição faz parte, duas pessoas da coordenação visitarão Porto Velho a cada dois meses.

·         A5: Viagem de vivência e atuação
            Após a preparação, os integrantes do NAPRA realizam a vivência e atuação durante todo o mês de Julho em uma das quatro comunidades ribeirinhas apoiadas pela organização, localizadas ao longo do Baixo Rio Madeira, em Porto Velho (RO).
Nessa Etapa, acompanhados por coordenadores, os integrantes passam por uma formação prática, dando continuidade a todo aprendizado que tiveram durante os meses anteriores implementando os projetos construídos na etapa anterior de acordo com as demandas dos ribeirinhos e com as linhas de atuação do NAPRA.  

·         A6: Avaliação e encaminhamentos dos projetos

·         A7: Divulgação do Seminário em São Paulo

O coordenador de comunicação realiza via site, mídias sociais e vias convencionais – cartazes e panfletos – nas universidades e instituições relevantes de São Paulo, Campinas, São Carlos, Catanduva e região.

·         A8: Realização do Seminário em São Paulo
            O evento terá 3 dias de duração. Será composto por exposições e mesas redondas com especialistas em questões socioambientais amazônicas. Serão contratados em regime de consultoria um coordenador didático, um auxiliar e um secretário para registrar o evento.

·         A9: Divulgação do Seminário em Rondônia

O coordenador de comunicação realiza via site, mídias sociais e vias convencionais – cartazes e panfletos – nas universidades e instituições relevantes de Rondônia, Acre e sul do Amazonas.

·         A10: Realização do Seminário em Rondônia

O evento terá 3 dias de duração. Será composto por exposições e mesas redondas com especialistas em questões socioambientais amazônicas. Serão contratados em regime de consultoria um coordenador didático, um auxiliar e um secretário para registrar o evento.

Orçamento e Cronograma
Em documento separado.




Anexo I – Ações realizadas nas comunidades pelo NAPRA no período de 2006-2015
Período
Projeto
Objetivos
Financiadores/Apoio
2006
Curso “Semear educação para colher cidadania”
O curso apresenta um conteúdo voltado à realidade ribeirinha de modo a valorizar o contexto local, despertando a consciência crítica e o papel de multiplicador. O trabalho é realizado com educadores locais e aborda também algumas questões socioambientais no contexto da escola.
NAPRA
Secretaria Municipal de Educação de Porto Velho
2007
I Festival Pan Ribeirinho de Esporte
Projeto realizado em alusão aos jogos Pan Americanos de 2007, valorizando o engajamento e a capacidade de organização coletiva dos jovens. O evento foi criado a partir da realidade local, com esportes regionais, visando ainda ampliar a consciência dos jovens para o cuidado com o meio ambiente.
NAPRA
2008
Educação em Direitos Humanos
O trabalho tem como meta a educação em Direitos Humanos, estimulando a ampliação da consciência crítica do jovem e o seu engajamento na disseminação dos Direitos. Foi promovido, como meio de disseminação dos conteúdos trabalhados, um Sarau Cultural.
NAPRA
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Educação Continuada em Saúde
Colabora com a formação de agentes de saúde, líderes comunitários e outros cidadãos interessados, nos aspectos pessoais e técnicos, para promover a saúde, a qualidade de vida na região e o engajamento da população quanto aos cuidados com o meio ambiente. Esse projeto visa, ainda, estimular a multiplicação e atualização do conhecimento, bem como a organização e engajamento social por meio das instâncias oficiais de Controle Social (Conselhos).
NAPRA
Secretaria Municipal de Saúde de Porto Velho

2006
2007
2008
2009
2010
2011
Atenção em Saúde
Visa oferecer à população local cuidado integral a saúde, em parceria com profissionais da rede pública local, colaborando com as estratégias do Programa de Saúde da Família para a região. São realizadas atividades preventivas e atendimentos curativos na área da medicina, enfermagem, odontologia e fisioterapia. Também são realizadas atividades educativas, tendo como foco a higiene pessoal, saneamento básico e meio ambiente.
NAPRA
Secretaria Municipal de Saúde de Porto Velho
Faculdade de Medicina de Catanduva - FAMECA
Fundação Padre Albino
Medley
Dentsply
Dentalis – Softwares para Odontologia
Colgate
W3PRO
SSWhite/Duflex – São Paulo-SP
FMG Produtos Odontológicos Ltda. – São Paulo-SP
Dental Rosário de Bragança Paulista – Bragança Paulista-SP
Associação de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia -  EMATER-RO
2006
2007
2008
2009
2010
2011
TeleSaúde
Tem como meta disponibilizar recurso tecnológico e capacitar pessoas, nas comunidades isoladas, para operar o sistema de virtual de comunicação, visando à realização de teleconferências, teleaulas e teleconsultas. O projeto também pretende ampliar a Rede de Educação Permanente em Saúde Integral para outras regiões amazônicas.
NAPRA
Secretaria Municipal de Saúde de Porto Velho

Banco Itaú
FAMECA
Fundação Padre Albino
ITMS Telemedicina do Brasil
Universidade do Estado do Amazonas - Pólo de Telemedicina da Amazônia
GoDoctor Telemedicina
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Bebedouro Comunitário
Atuação conjunta entre as áreas de saúde, produção e educação ambiental, visando à criação de soluções de engenharia que colaborem para a melhoria das condições de infra-estrutura e saneamento local e, conseqüentemente, para o uso responsável da água e a prevenção de doenças freqüentes nas comunidades.
NAPRA
FAMECA
Fundação Padre Albino

2006
Estudo da Cadeia Produtiva do Timbó
Estudo realizado para identificar a presença do timbó na região e as possibilidades da sua extração, com renda revertida para as comunidades.
Humanita
UNICAMP
NAPRA
2006
2007
Pesquisa sobre Produção e Comercialização de Produtos Florestais Não-Madeireiros
Esse estudo teve a participação de cientista da London School of Economics (Inglaterra), com o objetivo de mapear a realidade local e as oportunidades de comercialização de produtos não-madereiros.
Global Engineering Team – Berlim-Alemanha

Technischen Universität Berlin – Berlim-Alemanha
NAPRA
UFSCAR – PPG em Ecologia e Recursos Naturais
UFSCAR – PPG em Engenharia de Produção
2006
2007
Curso “Passo a Passo: da produção à comercialização”
O curso teve como objetivo a troca de informações e a formação de produtores locais, incluindo temas como sistemas agroflorestais, organização comunitária, planejamento, controle de custos, turismo ecológico e apresentadas formas de agregar valor aos produtos locais. Além das aulas teóricas, foram realizadas visitas às associações e cooperativas modelos no estado de Rondônia.
EMATER-RO
NAPRA
2006
2007
2008
Plano de Manejo da Gestão Integrada Cuniã-Jacundá
Parceria estabelecida com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio para levantamento dos Programas e Subprogramas e potenciais Instituições parceiras da RESEX Cuniã, elencados para o Plano de Manejo.
NAPRA
ICMBio
2006
2007
2008
2009
Mini-Fábrica
Desenvolvido em parceria com o Global Engineering Teams (GET), com a participação de discentes de três universidades: Universidade de São Paulo (Brasil), Stellenbosch University (África do Sul) e a University of Technology Berlin (Alemanha). Dois produtos foram desenvolvidos: oficina de biojóias e secadora para o manejo da castanha-do-Brasil.
ASA Program
Global Engineering Team – Berlim-Alemanha
Technischen Universität Berlin – Berlim-Alemanha
NAPRA
UFSCAR – PPG em Ecologia e Recursos Naturais
UFSCAR – PPG em Engenharia de Produção
Missionárias de Jesus Crucificado – São Carlos do Jamary
2006
2007
2008
2009
2010
2011
Grupo de Artesanato em Biojóias
Oficinas realizadas para a formação de artesãos, com foco na produção e comercialização de biojóias. As peças são elaboradas a partir de sementes e outros elementos da natureza. O grupo encontra-se organizado para executar as peças mediante encomenda, mas também para a comercialização no varejo.
NAPRA
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE
Missionárias de Jesus Crucificado – São Carlos do Jamary
2008
2009
Percepção local sobre Ampliação da Floresta Nacional - FLONA Jacundá
Parceria estabelecida com o ICMBio para a realização de oficinas comunitárias para avaliar a percepção dos moradores sobre o projeto de ampliação dos limites da FLONA Jacundá
NAPRA
ICMBio
2008
2009
2010
2011
Fortalecimento de Lideranças
São realizadas reuniões e seminários com diferentes lideranças comunitárias, visando a organização social para a busca de soluções conjuntas para as questões socioambientais de cada comunidade. Além disso, o NAPRA também participa de seminários e assembléias de diferentes associações locais (tais como Associação dos Produtores de Farinha, dos Extrativistas, Associação de Moradores, Associação de Pescadores, Grêmio Estudantil, entre outras), contribuindo com o processo de fortalecimento dos grupos sociais.
NAPRA
2008
2009
2010
2011
Manejo do Lixo
Composto por atividades educativas tanto para crianças quanto jovens e adultos, por meio de oficinas de reciclagem, teatro, implantação de lixeiras, criação de composteiras (visando melhorar o destino dos resíduos orgânicos e produzir adubo para a horta comunitária), etc. O NAPRA também busca o diálogo com o poder público local (administração dos distritos  Secretarias Municipais) para intermediar a solução para a redução dos resíduos sólidos nas comunidades.
NAPRA
Ada Açaí
Amazônia Brasil (Programa de Educação Ambiental da UHE Santo Antonio)
Eletrobrás
Faculdade São Lucas
Índia Amazônia
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
Ministério Público Estadual de Rondônia
Governo Estadual de Rondônia
Prefeitura Municipal de Porto Velho
Serviço Florestal Brasileiro

2008
2009
2011
Horta Comunitária
Criação de horta comunitária, por meio de oficinas nas escolas, visando a educação em segurança alimentar e o manejo dos resíduos orgânicos. Foram implantadas hortas nas comunidades de Nazaré e Calama.
NAPRA
EMATER-RO
Escola Estadual General Osório – Calama
Escola Municipal General Osório – Nazaré
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
Fortalecimento da cadeia produtiva da castanha
Em 2008 foi formado em São Carlos e Lago do Cuniã, com o objetivo de organizar a produção para a venda na entressafra. Com o tempo este grupo constituiu uma associação que com nosso apoio conseguiu acessar através de um projeto recurso da CESE para construção de um paiol de armazenamento. O estoque tem aumentado ano a ano e na última safra, através do acesso à capital de giro para formação de estoque através de uma política pública do governo federal o PAA CPR estoque apoiamos a formação de um estoque de mais de 20 t, envolvendo mais de 20 famílias castanheiras que receberam um preço justo por sua produção.
ASA Program
Global Engineering Team – Berlim-Alemanha
Technischen Universität Berlin – Berlim-Alemanha
NAPRA
UFSCAR – PPG em Ecologia e Recursos Naturais
UFSCAR – PPG em Engenharia de Produção
Missionárias de Jesus Crucificado – São Carlos do Jamary
CESE
CONAB-RO
2010
2011
2013
2014
2015
Formação para a Elaboração de Projetos
Através de associações comunitárias, o NAPRA desenvolveu uma formação com moradores interessados, visando à elaboração de projetos para serem submetidos a editais como forma de levantamento de recursos diretos para as comunidades. Já foram elaborados e acompanhados a execução e prestação de conta de 3 projetos para o edital de pequenos projetos da CESE.

NAPRA
IIEB
CESE
2013
2014
2015
Criação das bases do manejo sustentável do pirarucu no Lago do Cuniã
A comunidade do Lago do Cuniã decidiu fechar voluntariamente em seu território a pesca do pirarucu entre 2013 e 2017 devido à condição vulnerável da espécie. Em 2013 a ASMOCUN buscou o NAPRA para apoia-la na elaboração de um projeto para estabelecer as bases do manejo sustentável da espécie a partir de 2017. Tal projeto foi elaborado, apresentado a SEMA de Porto Velho que o financiou e está sendo executado com acompanhamento técnico do NAPRA.
NAPRA
ICMBio
SEMA
Instituto Mamirauá



Anexo 2 UMA SÍNTESE SOBRE O MÉTODO DE TRABALHO DO NAPRA

            O NAPRA é uma organização que se apóia na gestão participativa e democrática, privilegiando a relação de parceria com os seus diversos atores sociais: profissionais e estudantes que se tornam membros da organização, população das -comunidades onde atuamos, representantes das diferentes instituições públicas, privadas, sociais, comunitárias com quem compomos o nosso trabalho e/ou que apóiam nossa trajetória. O funcionamento do NAPRA está intimamente entrelaçado pelos princípios da educação popular, da interdisciplinaridade, da valorização das formas tradicionais de vida na floresta, e da participação social.
            Considerando o duplo objetivo de formar seus membros e contribuir com o fortalecimento das comunidades parceiras, o trabalho do NAPRA é organizado em dois contextos diferentes: na região do estado de São Paulo, onde ocorrem as principais atividades de formação teórico-prática e no estado de Rondônia, mais especificamente nas comunidades ribeirinhas do Madeira, onde concentramos nossa força de trabalho voluntário para uma atuação de campo direta. Vale ressaltar que ambos estão intrinsecamente conectados e sustentam nossa missão.
            Por um lado, nosso trabalho se dá no meio Universitário de quatro cidades do estado de São Paulo: Campinas, São Carlos, São Paulo e Catanduva. Nessas cidades são sediadas as Regionais do NAPRA, compostas por membros selecionados pelo processo de seleção do ano em questão e de membros antigos da ONG, que moram na respectiva cidade e/ou seu entorno. Cada regional é coordenada por estudantes e/ou profissionais voluntários eleitos anualmente para a função, em Assembléia Geral Ordinária. Os membros da Regional reúnem-se semanalmente para cumprir as diferentes atividades de formação previstas no nosso planejamento e descritas detalhadamente mais adiante.
            Essas Regionais também sediam, alternadamente, as Reuniões Gerais do NAPRA, que ocorrem durante um final de semana a cada mês. Nesses encontros, promovemos: o alinhamento das equipes; as Assembléias Gerais (Ordinária e Extraordinárias), reuniões administrativas; acompanhamento da gestão dos Coordenadores Regionais; acompanhamento da execução dos planos de Mobilização de Recursos e de Divulgação da Causa; entre outras atividades. Também são nas Reuniões Gerais que realizamos parte das atividades de formação, como o NAPRA Convida (palestras e/ou oficinas com profissional convidado para trabalhar uma temática previamente definida) e as oficinas de elaboração dos projetos de intervenção socioambiental. As reuniões regionais e gerais acontecem sempre muito próximas às instituições de ensino contando com o apoio destas, seja para a infra-estrutura, ou com recursos-humanos e outros tipos de parcerias.
            É durante esses encontros regionais e gerais que, de acordo com os diagnósticos já realizados e com os projetos que estão sendo encaminhados pela regional Porto Velho, os projetos de intervenção em campo são incubados. As equipes de trabalho são formadas conforme o número de comunidades parceiras, a fim de que possam se debruçar sobre o seu mapeamento e demandas com detalhe e compor a proposta de intervenção.
            Vale esclarecer que os projetos são estruturados e organizados de acordo com uma série de variáveis previamente definidas pelos diferentes atores sociais: membros da coordenação do NAPRA, lideranças comunitárias, representantes dos diferentes parceiros (do poder público à instituições sociais e comunitárias), entre outros. A cada ano de formação/atuação, os projetos são revistos e reelaborados, respeitando-se o ciclo ilustrado no quadro abaixo.
            O planejamento dos projetos do NAPRA busca contemplar as demandas locais, que são sistematicamente mapeadas, propondo atividades de curto, médio e longo prazos. Os projetos se apóiam em referenciais inovadores dentro das áreas de competências em foco, privilegiando, no mínimo, três níveis de intervenção: a promoção do ser, a prevenção dos problemas e a intervenção específica sobre um problema já instalado. É importante enfatizar que o NAPRA tem estabelecidos 5 eixos de atuação, a saber: organização comunitária, práticas sustentáveis de produção, economia solidária, educação em saúde, saneamento ambiental. É dentro desses eixos que as atividades são planejadas.



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